De Minas para Mogi através dos campos de futebol

Conheça a trajetória de um dos principais formadores de atletas nas categorias de base de Mogi das Cruzes, Didi, resposável pelas categorias de base do União

Mineiro, nascido em Santos Dumont no dia 24 de dezembro, o sétimo em uma família de 12 filhos, Jurandir Natalino da Silva, mais conhecido nos campos de Mogi das Cruzes como Didi. Como a maioria dos garotos brasileiros, começou a jogar futebol aos 7 anos em um time local chamado Tigre, que era um dos principais da cidade que por ser mantido pelas indústrias da região possuía estrutura para manter os times de base e também servir de entrada para trabalhar na própria indústria. Por ser muito difícil conseguir uma vaga neste time, cada não ouvido pelos garotos de sua idade um sentimento começou a despertar em Didi, que passou a treinar nos campos de terra os garotos que eram dispensados pelo Tigre.

Por ser uma época difícil por causa da ditadura no Brasil, as opções de diversão eram escassas, principalmente nas cidades em que eram controladas pelo exército, principalmente em Santos Dumont, por ter um paiol de munições. Na época apenas 3 times locais realizavam atividades com os garotos e Didi foi um dos idealizadores dos primeiros festivais mirim e dente de leite com os times da região.
Sua trajetória no Tigre foi dos  7 aos 14 anos, quando deixou a equipe por desentendimento com o treinador sendo chamado  imediatamente para o Mineiros, time profissional da cidade. Sua chance de se tornar um atleta profissional foi adiantada, pois os atletas do time profissional deixaram o Mineiros perto do inicio do campeonato sendo necessário subir os garotos da base para disputar o campeonato profissional da Zona da Mata. Na época Didi tinha como ídolo Pelé e como referência para a posição em que jogava, o meio de campo, Gerson e Rivelino.

Aos 19 anos decidiu largar os campos como atleta e voltou a treinar os  garotos da região, em um campo que eles mesmos montaram, com traves feitas de eucalipto, cortado das fazendas que rodeavam as indústrias locais para purificar um pouco do ar por causa da poluição causada pelo minério. Para os atletas sem condições, Didi conseguia as chuteiras usadas dos times em que passou e levava aos alunos das escolas de sapataria para os reparos.

Este trabalho com os garotos teve que ser interrompido,  pois sua família iria deixar a região chegando a  Mogi das Cruzes em 1982. Didi veio para a cidade 3 anos depois, pois começou a trabalhar em Cubatão onde não conseguiu ficar por muito tempo pois as condições eram muito ruins, já que a cidade na época era considerada uma das mais poluídas do mundo. Conseguiu trabalho na Brasmanco e logo que descobriram seu trabalho anterior com o futebol, recebeu o convite do Tesoura para trabalhar na Elgin, que mantinha um ótimo time de futebol. Em 87 teve que encerrar sua carreira dentro de campo por causa de problemas de saúde devido à intoxicação acumulada durante anos, mas assim que melhorou suas condições, montou o Cosmos Futsal, onde filiou-se à Liga Mogiana iniciando a participação nos campeonatos municipais. Depois montou o Monza  onde participou de vários campeonatos,  alguns com nome das empresas que os patrocinavam. Interessado em conhecer mais das regras do futsal fez o curso de árbitro organizado pela Liga e com aulas ministradas pelos árbitros da Federação Paulista de Futsal e devido a sua nota alta na avaliação final, foi imediatamente chamado para integrar o quadro de árbitros da Liga e da Federação, onde iniciou como auxiliar nos jogos industriais e aos poucos se tornou o árbitro principal chegando até a apitar finais de categorias de base, uma delas em Mogi, além de jogos de times importantes do futsal paulista como os confrontos entre Palmeiras e Banespa, além de Corinthians e Aimoré.

Por seu trabalho anterior no treinamento de categorias de base foi convidado para integrar o projeto desenvolvido pelo SESI com o futsal, onde chegavam a reunir 280 garotos nos dias de treinamentos. Voltando a cuidar de suas próprias equipes, Didi sempre conseguiu manter times muito competitivos chegando constantemente nas finais dos campeonatos, participando da Copa NEC e Copa Mogi, tendo como principal rival nos campeonatos o Vila Santista.

Em 2000 passou também a treinar os times de base do Madureira da Vila Industrial e também a cuidar como voluntário do projeto Pássaros do Futuro , que era um projeto da escola Firmino Ladeira e com os resultados conseguidos  chamou  a atenção dos “alunos problemas” para o esporte onde através dele conseguiu que depois se tornassem grandes cidadãos. Com o Pássaros do Futuro jogaram em várias cidades da região.

Um inesperado acidente automobilístico fez com que Didi parasse temporariamente seu trabalho com o futsal, chegando a ficar 2 anos sem poder andar. Mas nem de cadeiras de rodas teve como ficar longe do esporte, sendo constantemente convidado para participar dos campeonatos, retornando  assim que teve melhoras deixando a cadeira e utilizando muletas para se locomover.
Recebeu convite para entrar com seu time na primeira Copa Vila, mas devido às suas condições de saúde deixou sua estréia para a segunda edição onde entrou com o time da parceria Resana/Bem Bolado e foi terceiro colocado na categoria sub 12 e campeão nas categorias sub 14 e sub 16. Em 2004, o sub 15 foi campeão também da Copa Vila e da Copa Mogi em cima do forte time do Rodeio. Com isto seus garotos passaram a chamar muita atenção e Didi passou a ceder seus atletas para o Mogi.

Em 2008 Didi voltou a comandar as categorias sub 16 e sub 18 do Madureira, com os problemas ocorridos no União Futebol Clube, que acabou ficando até sem categorias de base, Didi cedeu vários atletas do Madureira para o time unionista poder jogar o estadual e desde então passou a acompanhar de perto as atividades do representante mogiano no futebol profissional do estado de São Paulo.

Em 2010 assumiu de vez as categorias de base do União junto com Haroldo e o ex goleiro Altair. Em 2012, o União voltou a fechar parcerias para sua base, e com a entrada da LS Esportes, cujos treinos eram em São Paulo, Didi pode acompanhar muito pouco  mas mesmo assim não deixou de em muitas oportunidades levar os atletas da cidade para os treinos. Com a centralização novamente da base em Mogi, Didi tem papel fundamental na formação das equipes e quando não está como técnico, acompanha de perto como conselheiro das equipes.

Neste ano de 2015 com a não participação do time profissional no paulista, as categorias de base não puderam participar representando o União e  assim aceitaram o convite do Guaratinguetá para representarem a equipe do Vale do Paraíba, pensando em primeiro lugar na oportunidade da experiência aos garotos . Mas nem tudo foi como o esperado, pois depois que o time iniciou a competição a prefeitura local impossibilitou a utilização do estádio, e as opções seriam Guararema que também estava com o estádio em reforma e Biritiba Mirim. A segunda opção foi a escolhida, mas para se enquadrar às normas da federação foram necessárias várias reformas que permitiram a continuidade da participação.

Em Mogi, as categorias comandadas por Didi formam finalistas nos campeonatos em que participaram, sendo vice campeã no sub 14 da Copa Vidal e campeão no sub 15. No campeonato da Associação de Clubes de Mogi das Cruzes conquistou as categorias infantil e juvenil, além de ser campeão da Associação Paulista com o sub 17 em uma parceria com o Vizela.

Durante toda sua trajetória no futebol, Didi se orgulha de ter dado oportunidades e aberto as portas para diversos profissionais que hoje são muito respeitados  nas profissões que atuam, e espera em um breve futuro poder realmente transformar a imagem do União Mogi, tornando-o novamente um time respeitado no futebol paulista.

Por: Emerson Oliveira (FutebolMogiano.Com.br)
Em 18/12/2015

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